É um lugar de autoria! Apesar de o plágio ser a prática dominante na web, a potencialidade de produção autoral que a web possibilita permite darmos uma relevância a esse aspecto, por ser tratar de uma inovação incrível, e sem precedentes, que temos disponível hoje.
O aspecto que julgo como um componente fundamental para defender essa opinião reside no processo de democratização da informação que a web possibilitou, e, além disso, a possibilidade de produzir conteúdo e conhecimento, e divulgá-lo de forma simples e barata.
Há décadas atrás quem poderia pensar em disponibilizar textos, músicas e vídeos autorais, para o universo que a web possibilita. Muitos autores e artista têm na web a possibilidade de divulgar suas criações e seus conteúdos, sem estar preso a editoras e gravadoras, e sair do anonimato. Isso é sem dúvida uma revolução!
Com a web 2.0, onde todos podem interagir com o conteúdo encontrado, opinando, modificando, acrescentando, discordando e resignificando, podemos de certa forma ser co-autor de grande parte do conteúdo disponibilizado. Pedro Demo descreve a importância da web 2.0:
Nessa esteira, as novas tecnologias têm contribuído da maneira muito surpreendente, à medida que propõem plataformas virtuais que facultam autoria crescente. Não se trata de resultados mecânicos, mas de possibilidades ou potencialidades. Na discussão muito interessante sobre web 2.0 e seguintes28, o foco se põe sobre softwares que implicam a participação ativa do “usuário”, que deixaria de ser apenas usuário para tornar-se partícipe. Assim pode ocorrer nos blogs (publicação de textos individuais) e wikis (elaboração de textos coletivos), bem como no software livre e outros ambientes nos quais as pessoas elaboram textos.
Quanto ao plágio, é inegável que essa prática é amplamente utilizada na web, no entanto, a web pode também significar a contenção da mesma. Por quê? Porque nas escolas, universidades, os educadores sempre tiveram dependência de conteúdos autorais, que geralmente eram disponibilizados em livros. O plágio, sempre esteve presente nesses ambientes. Os livros sempre foram para professores uma fonte inquestionável de saberes e conhecimento. Geralmente os mestres se valiam de algum autor mais renovado ou famoso, para adotar sua obra como parâmetro de conhecimento. E a todos era reservado seguir a linha de um autor e reproduzir sua abordagem. Logo, era comum também copiar, e fotocopiar obras e livros, resenhar, resumir e fichar as mesmas. Os trabalhos monográficos e artigos, nada mais eram que uma síntese ou compilação de obras de autores renomados. Logo, podemos refletir se o plágio é um fenômeno da web, ou uma prática habitual do nosso modelo educacional?
Há possibilidade de produzir e publicar algo realmente autoral é extremamente facilitado pelo uso das tecnologias e da web. O que se produz de conhecimento nas escolas e universidades pode ser disponibilizado para um universo de pessoas que se interessem pelo conteúdo produzido.
Nesse sentido concordo com a visão de Pedro Demo quando diz:
Saber pensar não se restringe mais a uma atividade recolhida, ensimesmada, produto de uma cabeça privilegiada, mas assume o desafio de tornar-se jogo coletivo. Não esperamos mais que algumas pessoas saibam pensar e, por isso, pensem pelas maiorias. Levantamos agora a expectativa de que a população saiba pensar.
Quanto ao trabalho do docente, concordo com a tese de Demo de que o modelo de professor, que transmite conteúdo está com os dias contados. Não é mais possível impor a uma geração nativa digital um modelo de aprendizado praticado há séculos, onde a passividade é o requisito primordial. Pedro Demo alerta:
De fato, o docente que apenas transmite informação através de aula instrucionista está com os dias contados, porque o mundo virtual vai substituí-lo com vantagem. No entanto, o professor maiêutico, envolvido com a aprendizagem profunda do aluno na condição de orientador e avaliador, além de motivador, é, a rigor, insubstituível.
Logo, concluo que a web é sim um espaço para um trabalho autoral, e mais, é a mais eficiente ferramenta que temos para produzir conhecimento e o torná-lo universal. Cabe aos professores perceberem que são “peças chaves” nesse processo. Para isso, basta se libertar do modelo que lhe foi imposto como o perfeito e se jogar no novo desafio de trilhar por novos caminhos que a principio parecem inseguro, mas que com toda certeza é o que permanecerá.